quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

PIB e bem-estar social

Se retornarmos um pouco à época das grandes navegações, lembraremos a ousadia de Portugal e Espanha em dividirem ao meio o mundo para ser colonizado. Rememoraremos a ascensão da Inglaterra e a dominação, via colônias, de vários territórios pelos países europeus.

Ao longo dos séculos, alguns países foram se emancipando (ao menos politicamente). Muitos outros, da África e da Ásia, só conseguiram sua independência após a destruição dos países colonizadores na 2ª Grande Guerra Mundial.

Mas essa “liberdade” não os eximiu da pobreza e da desigualdade social. Após a 2ª Grande Guerra, a ordem era reconstruir o Velho Mundo e crescer economicamente! Os EUA acabaram saindo na frente, pois a guerra pouco os atingiu.

As ex-colônias formaram grande parte do chamado 3º Mundo, onde restava o subdesenvolvimento, fruto da relação de domínio existente. O Brasil, como alguns países, conseguiu crescer economicamente no pós-guerra, mas às custas do empobrecimento da população e do aumento das desigualdades sociais.

Embora o PIB brasileiro tenha sido bastante elevado a partir de 1948 (9,7%), chegando a picos de 2 dígitos em 1958 (10,8%), 1970 (10,4%), 1971 (11,3%), 1972 (11,9%), 1973 (14,0%) e 1976 (10,3%), nesse período não percebemos uma melhora no bem-estar social da população brasileira. Houve conquistas, mas estas ocorreram independentes do PIB.

Logo, o PIB per capita não é um indicador social!

Bem, quanto ao Welfare State (Bem-Estar Social), muitas organizações surgiram após a 2ª Grande Guerra. Isso motivou a criação de indicadores sociais capazes de explicar a incongruência entre o sucesso econômico dos EUA e o seu fracasso no campo social, durante a década de 1960. Podemos dizer que foi em 1966 que foi lançada a pedra fundamental dos indicadores socioeconômicos, quando o então Presidente norte-americano Lindon Johnson, em março daquele ano, destinou ao Ministério da Saúde, Ensino e Ação Social daquele País a missão de “construir novas estatísticas sociais que permitissem acompanhar o modo como a coletividade realiza os objetivos a que se propõe”.

Foi o embrião do Toward a Social Report em 1969, já no Governo Nixon. De lá para cá, entidades internacionais, muitas delas ligadas à ONU, foram publicando e disseminando indicadores socioeconômicos, sendo gradativamente adotados pelos países ocidentais, em busca de um entendimento e um alinhamento do que venha a ser Bem-Estar Social, numa sociedade em que o somatório do bem-estar de cada indivíduo pode não representar o bem-estar da sociedade como um todo.

Em suma, falar de indicadores socioeconômicos é falar de um assunto relativamente recente. Entretanto, já conseguiu-se há décadas provar que o PIB é incapaz de retratar o grau de bem-estar de uma sociedade.

Fontes:
·       http://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2012.pdf. Acesso em 23 fev. 2011.
·       http://www.ipea.gov.br/pub/bccj/bc_71u.pdf. Acesso em 23 fev. 2011.
·       http://www.iea.usp.br/iea/textos/fioribemestarsocial.pdf. Acesso 23 fev. 2011.

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