quinta-feira, 10 de março de 2011

Perfil de Desaparecidos no Estado do Rio de Janeiro em 2010

Este é um assunto pouco divulgado na mídia, e que costuma interessar muito mais às pessoas envolvidas nas respectivas ocorrências.

Segundo a pesquisa, foram registrados 5.473 desaparecimentos no Estado do Rio de Janeiro em 2010. Sabendo que muitos desaparecimentos não são sequer registrados, estima-se que este nº seja bem maior.

Aqui cabe a pergunta: Quais as causas dos desaparecimentos? Qual o grau de sucesso das investigações? Quantos desaparecidos são efetivamente localizados, e em que situação? Qual o tempo médio de uma investigação de desaparecimento? Existem indicadores socioeconômicos que elucidem essas questões?

Enfim, o que a pesquisa revela, na verdade, são classificações quanto à idade, nível de escolaridade, estado civil, sexo, cor ou raça, área (grandes regiões) e até pelo nível de ocupação.

É claro que esses dados são importantes - não vamos banalizar o mérito da pesquisa, mas fica, além do rol de questionamentos acima, uma pergunta que não quer calar: "E daí?" ou  "O que está sendo feito?".

Este assunto voltará à pauta brevemente. Até lá, segue o link da pesquisa.

Especialistas no improviso: breves considerações sobre as atividades policiais nas Delegacias Especializadas do Rio de Janeiro

A publicação do Caderno de Segurança Pública nº 02 (ISP - fev/2011) traz um artigo interessante de autoria de Andréa Ana do Nascimento, Doutoranda em Sociologia pelo PPGSA – IFCS – UFRJ. Com o título desta postagem, este relato revela uma realidade já conhecida, conforme o resumo da própria autora, transcrito abaixo:

"Resumo
 
As Delegacias Especializadas têm como objetivo principal investigar crimes específicos, como sequestros, homicídios e crime organizado. O intento neste trabalho é identificar os processos formais e informais de investigação e de administração dos conflitos que acontecem na Divisão Antissequestro (DAS), na Delegacia de Homicídios de Niterói e de São Gonçalo (DHNSG) e na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO/IE). A pesquisa preliminar indica que quase todo o conhecimento adquirido pelos policiais para solucionar os casos especiais vem do cotidiano de seu trabalho, com. raras atividades formais de especialização, muitas vezes atreladas às iniciativas individuais dos profissionais."

Afirmativas como esta refletem a minha preocupação pessoal e guardam ligação direta com o resultado das ações policiais fluminenses, certamente com similaridades em todo o País.

Imagine uma polícia que "aprende fazendo"? Um Profissional de Segurança Pública que "aprende na marra"? É claro que a experiência conta em muitas funções, é lógico que evoluímos com o tempo. Mas dê uma lida e confira o conteúdo. Vale a pena!

Segue o link abaixo:

Pesquisa de Condições de Vida e Vitimização

O ISP - Instituto de Segurança Pública é uma autarquia estadual fluminense criada em 1999, com o objetivo de colaborar na promoção dos saberes comuns à Segurança Pública. Desenvolve projetos em parceria, pesquisas e análise criminal, além de um extenso conjunto de ações facilitadoras ao necessário diálogo entre as expressões da Segurança Estatal e a Sociedade Civil.

A pesquisa em destaque traz na sua apresentação o seguinte comentário:

"No caso específico do gestor de segurança pública, faz-se necessário conhecer, além de aspectos objetivamente quantificáveis a partir dos registros das ocorrências criminais, os aspectos subjetivos presentes no que chamamos de sentimento de insegurança da população. Da mesma forma que a violência real, essa insegurança menos conhecida afeta diretamente a qualidade de vida e o comportamento das pessoas, sobretudo nas sociedades pós-industriais contemporâneas, com suas estruturas complexas, cada vez mais líquidas e menos solidárias, onde as relações de competição conflituosas vêm se destacando. Dessa forma, entendemos que o sentimento de insegurança da população é um fator que necessariamente deve ser incorporado ao planejamento dos gestores de segurança pública. Antes, porém, ele deve ser conhecido, avaliado e comparado, e aí está, portanto, a necessidade prática de uma pesquisa que permita ao gestor conhecer o fenômeno da vitimização a partir de suas variáveis.

Esse talvez seja o casamento ideal entre ciência e gestão pública, no qual cada agente possa perceber, dentro de seu respectivo campo, e cada um com seus “problemas”, os papéis que lhe foram definidos."

Concordo com a justificativa da obra posto que, quanto mais preparados estivermos para exercermos as nossas funções, menor será a margem de erro das nossas ações. Isto vale  para qualquer agente público. Entretanto, na Segurança Pública, as relações de poder exigem uma consciência maior, para que os "reflexos condicionados" estejam direcionados para enxergar todos os ângulos possíveis em uma situação real.

E digo "reflexo condicionado", exatamente para destacar que há momentos de falar, de planejar e debater, mas também há os de agir e resolver. Para o Profissional de Segurança Pública ler e fazer o seu "dever-de-casa".

Importante ressaltar que geralmente o motorista acidentado é o mais experiente; o profissional que falha domina o seu processo há anos; o gestor que fracassa pode ter feito gestão a vida inteira! Educação Continuada é sabedoria, não falácia!

Segue abaixo o link da publicação. 

Fonte: http://urutau.proderj.rj.gov.br/isp_imagens/Uploads/PesqCondVidaVitimizacao.pdf. Acesso: 10 mar. 2011.